Quando percebemos que as nossas atitudes externas são um reflexo do que está dentro de nós, o primeiro passo para o autoconhecimento já está sendo dado.
Ao empreendermos esta caminhada rumo ao nosso mundo interior, vamos nos defrontar com as várias faces que compõem a nossa máscara maior: a nossa personalidade. Como sabemos, ninguém consegue mostrar-se linear e imutável em sua conduta o tempo todo, devido às muitas facetas que convivem juntas em uma só pessoa. Ora sobressai uma, ora outra, e assim vamos descobrindo esses perfis que se revelam.
Em um mesmo indivíduo pode conviver um excelente cirurgião e um músico sensível, uma empresária bem-sucedida e uma perfeita dona de casa, um agiota e um crente muito religioso.
O que mais importa é descobrir essas “mascarazinhas” para saber o quanto elas se encontram harmonizadas ou não, a fim de que se possa obter um equilibrado e saudável estilo de viver.
Jung usou as 22 lâminas do Tarô de Marselha para identificar essas subpersonalidades ou “máscaras” ocultas em cada um e, desse modo, facilitou uma melhor integração da pessoa com ela mesma. Individuação foi o nome dado ao resultado dessa autodescoberta, pois propiciava uma capacidade de responder à vida de maneira mais autêntica, exercitando realmente a própria vontade e não se deixando influenciar pelos outros.
A autopercepcão possibilita que se efetuem escolhas singulares, diferentes das tomadas por outros indivíduos, de um jeito muito pessoal, que se mostre mais gratificante. Esse contato consigo mesmo evita que a pessoa deixe-se influenciar pelas outras vontades que estejam agindo em seu próprio interior ou exterior.
O que se precisa perceber é que dentro de cada um de nós existe uma outra personagem, ou personagens, que podem se manifestar com várias roupagens, como um outro ser, um animal ou um objeto.
As manifestações do lado negativo das subpersonalidades podem revelar-se um fator gerador de distorções em nossa pessoa quando, por exemplo, ela quer demonstrar entusiasmo intenso e acaba mostrando-se fanática e obsessiva; ou, então, quer revelar dignidade e autoexpressão, mas se manifesta de forma arrogante e orgulhosa.
Reconhecê-las e entendê-las torna tudo mais claro e gratificante em termos de saúde e vida pessoal. Mesmo porque você não é a sua subpersonalidade. Ela até pode estar dominando, mas faz parte de sua identidade, de sua essência e ao manifestar-se, precisa ajudar, e não atrapalhar.
A reação diante da descoberta de uma máscara escondida, no entanto, nem sempre é agradável. A sensação tanto pode ser de libertação, ou seja, alívio por resolver uma situação que causa desconforto, como de surpresa.
Vale lembrar também que esses exercícios devem ser feitos com um terapeuta ou psicólogo, pois, diante de imagens muito perturbadoras, o profissional saberá qual será a melhor conduta a seguir no caso: interromper o tratamento ou adiá-lo até que o paciente esteja em condições de entender o processo.
Outra questão a ser considerada refere-se aos resultados e efeitos dos exercícios para cada pessoa, pois nem sempre se consegue uma visualização nas primeiras tentativas.
Muitas pessoas encontram dificuldades para relaxar; outras resistem ao surgimento das imagens; existe ainda quem não entenda o significado da mensagem passada ou mesmo acabe dormindo.
Se você está disposto a reconhecer suas várias faces em vez de ignorá-las, continue tentando. Descubra-as, procure harmonizá-las se estiverem agindo de formas opostas ou prejudiciais, entenda-as, pois fará germinar a semente de sua transformação para uma identidade mais fiel.
Uma autoimagem ajustada, mais centrada, não eliminará todos os seus problemas, mas fará com que você não seja uma pessoa problemática.