Hoje vamos falar sobre o estresse negativo e como podemos estar no controle da situação sem que ele nos afete tão intensamente.
Como o conteúdo é extenso, mas, ao mesmo tempo importante, decidi dividi-lo para não ficar cansativo.
Comecemos então por uma reflexão inicial: O que nos leva a reagir tão intensamente aos fatos cotidianos e por que nos estressamos com tanta facilidade nos dias atuais?
Para início de conversa, precisamos entender que o estresse em si não é algo negativo, visto que ele nos coloca em ação e em movimento para podermos executar nossas tarefas. Ele só se torna negativo quando, por algum motivo, não conseguimos lidar com as situações que se nos apresentam.
Toda vez que experimentamos algum estresse, reagimos a ele, e essa reação se baseia em nosso conteúdo existencial, ou seja, em nossa maneira de pensar; naquilo que acreditamos; em nossas atitudes; em nossos valores e comportamentos. Todos esses fatores influenciam nossa reação ao estresse.
É muito importante reconhecermos quando experimentamos os primeiros sinais do estresse em nosso corpo. Estar ciente dessas mudanças nos ajuda a nos prepararmos e estarmos mais aptos a interromper o padrão da reação a ele e responder de forma mais apropriada à situação estressante.
Podemos observar que, sempre que experimentamos uma situação de pressão e perigo iminente, nosso corpo e nossa mente sofre mudanças fisiológicas: tensão muscular, excessivo fluxo sanguíneo nas costas, pernas, braços, respiração superficial, coração disparado e pensamento confuso.
Na realidade, todas essas reações ajudam o corpo a se preparar para a luta ou fuga, cujo único propósito é o da sobrevivência. Tecnicamente, é o hipotálamo que envia mensagem para as glândulas suprarrenais, que por sua vez libera a adrenalina, provocando as reações citadas acima. Até aqui nada de extraordinário, visto que essa é uma realidade que nos momentos de perigo ativa nossa agressividade ou medo para lutar ou fugir. Entretanto, fica aqui a reflexão: Por que ficamos estressados em simples situações cotidianas como um atraso, um trânsito caótico, um simples objeto fora do lugar, projetos inacabados e nossa falta de controle a tudo e a todos?
Como podemos observar, essas não são situações nem de emergência nem ameaçadoras, mas resultam em mudanças internas em nosso corpo, tais como: tensão muscular, coração acelerado, digestão difícil e até desencadeamento de processos internos exigidos pela situação de luta ou fuga.
Na verdade, não é necessário e não precisamos reagir de forma tão exagerada ao estresse.
Sim, isso mesmo! Ao contrário, podemos responder a ele com habilidade e de forma mais amena e menos reativa quando tais situações acontecem.
Vejamos como isso é possível e viável, mesmo em meio a tais situações que consideramos impossíveis de controle.
A primeira pergunta que devemos fazer é: por que estou me estressando e por que estou reagindo a isso de forma tão exagerada?
Na realidade, há razões subjacentes para isso e, na maioria das vezes, são questões traumáticas que carregam conteúdos psíquicos, tais como abandono, rejeição, desamparo, desesperança e até o medo de perder o controle da situação. Essas são as experiências centrais que desencadeiam o estresse e, se avaliarmos de uma maneira mais profunda, são elas que alimentam a reação.
De forma mais resumida seria: Quando uma questão é desencadeada, nós literalmente nos conectamos com uma versão mais jovem de nós mesmos em um tempo em que a experiência foi predominante e, mas especificamente, quando a questão traumática se deu.
Quando isso acontece, nós nos sentimos automaticamente com raiva ou com medo (resposta de luta ou fuga), que também, automaticamente, acabam levando ao estresse.
Portanto, há que nos perguntarmos: Por que tenho raiva? Por que tenho medo? Contra o que estou reagindo?
Reagimos com raiva ou agressividade quando perdemos algo, esquecemos algo ou quando erramos algo. Da mesma maneira, dizemos: tenho medo que “tal coisa” dê errado ou até medo de chegar tarde a um compromisso.
Para nossa surpresa, mesmo situações desse tipo podem desencadear a resposta de luta ou fuga (estresse) e todas as funções fisiológicas que enfraquecem nosso corpo e nosso sistema imunológico.
Agora eu pergunto para você que está lendo este artigo: até quando vamos repetir esse processo e deixar com que ele afete nosso corpo, a ponto de liberar químicas desnecessárias que nos enfraquecem? Simplesmente quando começarmos a cuidar de nós mesmos com mais amor e reservarmos um momento para nós mesmos para um relaxamento interno.
Uma medida efetiva que pode ajudar imensamente é se observar e perguntar o que realmente está desencadeando o estresse e toda as reações que o acompanham: o sentimento de abandono? O sentimento de rejeição? O sentimento de desamparo, de desesperança ou a perda do controle da situação?
Outro exercício que podemos fazer é nos perguntarmos quem realmente está no controle da situação: o adulto (eu atual) ou a pessoa que viveu o trauma e o estresse passado?
Por ora, essas reflexões são importantes para que desenvolvamos um estado de consciência mais afinado conosco. Feito isso, partiremos para a etapa seguinte, que é entender um pouco mais sobre o porquê de o estresse ter se tornado o inimigo número um da vida moderna.